Por Mauricio O. Dias – comoeueratrouxa
Creditado como um dos pintores favoritos de Portinari no livro ‘Portinari desenhista’ (Ralph Camargo, 1977), Jacques Villon (1875-1963) tem alguns dados biográficos curiosos.
Seu nome real era Gaston Emile Duchamp. Ele era irmão mais velho do famigerado Marcel Duchamp – aquele do urinol – e de mais um escultor e uma pintora.
Entre atores, aqui como nos EUA, a prática de mudar o nome para exercer a profissão era relativamente comum até a primeira metade do século XX: Fernanda Montenegro, Paulo Gracindo, Lima Duarte, Kirk Douglas, John Wayne, Tony Curtis, Jerry Lewis… Tem um pouco a ver com o ofício, ao mudarem o nome já estão de certa forma renegando quem eram na origem para tornarem-se personagens.
Agora, um pintor fazer o mesmo? E renegar o nome de seus antepassados e seus pais para homenagear um ‘poeta medieval’? Me engana que eu gosto… E não, ele não o fez por vergonha da obra do irmão (risos)… Segundo o relato, Marcelzinho tinha apenas oito anos quando o fato se deu.
Não consigo entender alguém trocar nome e sobrenome, salvo em caso do indivíduo ter sido contemplado com um nome horroroso, ou para fugir a perseguição, religiosa ou política. Há algo de patricida nesta ação, Dr. Freud haveria de concordar. Pode ser uma possível chave para entender a iconoclastia – ou fraudulência artística, dependendo de quem vê – que futuramente nortearia a vida do irmão Marcel.
Talvez Calvin Tomkins já tenha abordado este tópico na biografia que escreveu sobre o inventor dos ‘ready mades‘; eu teria que me interessar o suficiente sobre Marcel Duchamp para saber – e isto não ocorre.
Nos links abaixo pode-se ver alguns trabalhos de ‘Jacques Villon’:
Clicando nas imagens elas ampliam:
http://www.jacquesvillon.info/jacques_villon_originals.html
http://www.nga.gov/cgi-bin/tsearch?oldartistid=209810&imageset=1
(clicar sobre as imagens ou em ‘Full Screen Image’)