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Por Mauricio O. Dias – comoeueratrouxa
O tom informal deste post se deve ao fato de que ele é a reciclagem de um email mandado a Jorge Albernaz, um velho amigo dos tempos de cinema na UFF.
Jorge,
Só agora peguei o Watchmen na locadora. Por que eu ainda faço este tipo de coisa na minha idade? Bom, eu era jovem quando li os quadrinhos.
É um lixo completo, mas serviu pra eu me tocar do quão esquizofrênica era a HQ.
Vc viu o “300”? Esse então é pior ainda, e do mesmo “metteur en scène” (hahaha).
Ambos abusam de slow motions até freezes nas cenas de ação, o legado de Matrix.
O filme:
O elenco é fraco, a trama só faz sentido pra quem leu a hq, a mulher bonita que faz a Silk Spectre II sequer pode ser chamada de atriz.
Aquela trama da mãe dela ter dado pro Comediante depois de ter sido brutalizada – já presente na hq – é canalha, quase o axioma rodrigueano “Mulher gosta de apanhar”. Em live action fica pior.
O Ozymandias, que na hq era um cara fortão, é interpretado por um magrelo (depois de escrever isto, fui ver no imdb, é o inglês riquinho do Match Point do Woody Allen, aqui com as madeixas platinadas – http://www.imdb.com/name/nm0328828/mediaindex ).
Pat Buchanan, Nixon, Kissinger, Lee Iacocca aparecem como personagens. Iacocca leva uma bala nos cornos na cena em que um pistoleiro tenta matar o Ozymandias.
Os personagens dos heróis, que na hq eram humanos, no filme são superfortes, atravessam paredes com socos e quebram ossos dos adversários com facilidade, além de levarem socos que os fazem arrebentarem pias com a cabeça – para, logo em seguida, não apresentarem maiores seqüelas.
A única cena que acrescenta algo no filme é logo no início, quando, numa seqüência de cenas aleatórias em ritmo de videoclipe, vai-se mostrando a trajetória dos Watchmen, a passagem da primeira formação para a segunda, etc: aparece Andy Warhol em frente à serigrafias dos heróis semelhantes àquelas que ele fez de Marylin Monroe (e não é que o clipe inteiro valha à pena, é só esta passagem de Warhol, cerca de dez segundos).
A trilha sonora então é de uma obviedade assustadora. Cada capítulo da HQ terminava com uma citaçãozinha (pseudointelectual pacara***, quadrinhos com epígrafe? Nietzsche, Elvis Costello, uma salada…).
Por conta de uma dessas, quando Nite Owl e Rorschach avançam pela Antártida para encontrar o Ozymandias, Jimi Hendrix toca ‘All Along The Watchtower’: “Two riders were approaching… ”
Na cena do Vietnã em que Dr. Manhattan avança pulverizando vietcongues ouve-se “A Cavalgada das Valquírias”. Pqp… “Conterrâneos Velhos de Guerra” de novo?
Aqui um textinho relacionado, que se encontra no blog do LM:
http://luizmaia.wordpress.com/2009/04/14/sadoul-kael-fonseca