Isto é jornalismo?

maio 26, 2009

Por Mauricio O. Dias – comoeueratrouxa

Na primeira página de O Globo de 26-05-2009 estava estampado: ‘Revista Megazine – Best Seller conta história de garoto de 15 anos preso e torturado “por engano” em Guantánamo, prisão que virou abacaxi para Obama.‘

Interessei-me na hora. ‘Porra, tortura já é foda, num garoto de quinze anos, é foda ao cubo.

Cheguei ao referido caderno. Na capa do Megazine uma ilustração mostra a bandeira dos EUA estilizada, as listras, tanto as brancas quanto as vermelhas, assim como o quadrado azul, são linhas de arame farpado. Boa sacada, nos créditos consta como sendo arte de André Mello – mandou bem, dentro do contexto.

Abri o caderno, contive a náusea ao passar pela página do Cuenca (protégé de Paulo Roberto Pires), e cheguei à tal matéria, intitulada ‘Um garoto diante da barbárie’, de autoria de Alessandro Soler.

Começa com um convite ao leitor para se colocar no papel de um garoto de 15 anos, que numa viagem de férias com seus pais, tem a casa onde se encontra invadida por soldados. Ele então é levado de uma prisão à outra, e sofre torturas mentais e físicas em meio a interrogatórios.

Segui lendo a matéria, meio chocado. O livro, chamado ‘Guantánamo Boy’ é de autoria da britânica Anna Perera.

Li até chegar ao quarto parágrafo: “Ficcional, o livro foi fruto de uma longa pesquisa de Anna.”

Pera aí! Pera aí! Parou! É uma obra de FICÇÃO? E uma informação fundamental como essa só é dada no quarto parágrafo?

Entendo que o jornalismo tenha uma função fática, que é do interesse do jornal e do jornalista ‘chamar o leitor’ para ler seus textos. Mas botar uma chamada na primeira página, dar capa do caderno, e esconder até onde possível o fato de ser sobre uma obra de ficção é um pouco demais.

Não estou questionando o livro, seu valor ou o direito da autora de escrever uma ficção inspirada em fatos reais. Estou falando da cobertura do jornal ao livro.

Antes que alguém venha me cobrar a cutucada em Cuenca, devo dizer que realmente não gosto nada do que ele escreve – um direito meu – , mas não é só por isso que cutuquei. Sugiro a todos ler os cinco primeiros parágrafos do link http://bravonline.abril.com.br/conteudo/assunto/assuntos_401968.shtml


O pecado da simonia

maio 25, 2009

Por Mauricio O. Dias – comoeueratrouxa

O título deste post, como os de muitos outros deste site é uma piada. Não vou tratar aqui do pecado da simonia (Tráfico de coisas sagradas), mas sim do pecado do Simonal.

Ainda não vi o documentário sobre o Wilson Simonal, mas de cara o filme já tem minha simpatia, por trazer o assunto ao centro dos debates.

Pelo que se sabe publicamente, o cantor cometeu duas infrações concomitantes: uma criminal e uma moral. A criminal seria ter mandado agentes do Dops dar uma surra no contador; e a moral ser um informante do governo na época da ditadura.

O establishment que baniu Simonal o fez por condenar sua infração criminal, sua infração moral, ou a ambas?

Se, ao invés de ter usado agentes do Dops na surra, ele tivesse contratado seguranças de boate para o serviço, poderia ter sido perdoado? Podemos pensar em outros artistas que se envolveram em atos criminais, desde as encrencas de Ângela Rô Rô (ver http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%82ngela_R%C3%B4_R%C3%B4), Rafael Ilha do grupo Polegar, o cantor Belo, até os homicídios em que se envolveram nomes como Dorinha Duval e Guilherme de Pádua. Até onde sei, todos meio que foram banidos. O show business vive da imagem, e mesmo com a indústria de barracos da mídia, e da consagração na última década de bad boys e vadias assumidas, este é um patrimônio que ninguém quer perder a troco de nada.

Há anos, em outro site, escrevi um texto a que chamei “Cultura, Manipulação, Pobreza” (link AO FINAL deste texto).  Os casos a que me referi ali não envolvem questões criminais, e ao menos um deles resultou em banimento.

Então há que se pensar: estes banimentos foram motivados por moral ou política?

As críticas ao documentário sutilmente jogam parte da culpa pelo linchamento de Simonal sobre aqueles que hoje lamentam o ocorrido, mas na época ficaram de braços cruzados.

É uma crítica válida, claro. Mas pode acabar por desviar o foco de uma questão mais importante: havia na época (os anos 1970) um pensamento em bloco nas redações de jornais e TVs? A mobilização, coesão e ativismo deste movimento seria tão forte que conseguiu até destruir a carreira de um dos cantores mais populares do país?

Independente da resposta a estas questões ser “sim” ou “não”, imagine o efeito de dissuasão e inibição que esta ação em bloco (o banimento do Simonal é um fato, a dúvida é sobre quais foram as motivações) deve ter causado em todos que tinham planos para uma carreira na mídia ou nas artes – “se eles limaram o Simonal, que era famosíssimo, imagine o que fariam comigo, que não tenho o mesmo peso? Tenho que seguir a cartilha…

Pelo que eu vi das faculdades de comunicação da época em que eu lá estava – os anos 90, já vinte anos após o incidente – , havia entre os professores desde a esquerda festiva até Stalinistas saudosos. Claro que esta situação gera efeitos nos alunos, aqueles que deveriam ser os futuros profissionais de comunicação (mas dada a realidade do mercado já mais que inchado, acabam em sua maioria virando bancários, taxistas, funcionários públicos, etc.).

O meu texto, ao que me referi no quinto parágrafo, mencionando outras patrulhas dos anos 70 (isto é mais o início do texto, depois eu enveredo ali por outros aspectos que acabam tirando a força do foco principal, mea culpa), ainda está disponível, no link

http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1144


Há tradição no humor

maio 20, 2009

Por Mauricio O. Dias – comoeueratrouxa

My makeup is dry and it clags on my chin
Im drowning my sorrows in whisky and gin
The lion tamers whip doesnt crack anymore
The lions they wont fight and the tigers wont roar

La-la-la-la-la-la-la-la-la-la
So lets all drink to the death of a clown
Wont someone help me to break up this crown
Lets all drink to the death of a clown
Lets all drink to the death of a clown

Dave Davies, in ‘death of a clown

Às vezes esse meu blog fica um pouco circunspecto, falando de pintura e apontando erros em filmes – já fui chamado, literalmente, de ‘cricri’ por conta disso.

Não sou tão sério nem almejo a seriedade. Alguns dos maiores ídolos de minha vida foram humoristas ou satiristas: Stan Laurel e Oliver Hardy, Chuck Jones, Tex Avery,  Billy Wilder, Harvey Kurtzman, Mort Walker, Neil Simon, Woody Allen, Mel Brooks (em seus melhores momentos, como “Agente 86”  e “Alta Ansiedade”), Zucker-Abrahams-Zucker, Bill Watterson, Matt Groening, Jerry Seinfeld e Larry David. Recentemente Judd Apatow e Seth Rogen entraram no grupo.

Evidentemente, alguns desses nomes são metáforas, representam um grupo de pessoas. Quando menciono Harvey Kurtzman estou falando dele e de vários dos seus colaboradores – Don Martin, Dave Berg, entre muitos outros – que, dos anos 1950 até o final dos 70, criaram maravilhas na revista “Mad”.

Alguém pode estar se perguntando por que não falei de nenhum brasileiro. Calma…

Lembro-me de criança assistir com meu pai e meu irmão, ao Chico Anysio, Os Trapalhões e a série do Bem Amado. Nós três rindo juntos – principalmente com o Chico. A recente notícia de que ele esteve hospitalizado me deixou realmente triste (13-05-2009).  Mas, agora parece que ele já se recuperou (ver http://bloglog.globo.com/chicoanysio). Torci pela recuperação deste mestre do humor.

Muitos destes comediantes dos anos 1970 e 80 tinham carreiras que vinham desde antes da criação da TV brasileira, quando o veículo de massa era o rádio. Caras que me fizeram rir quando criança já tinham divertido meus pais na infância ou juventude. Fazer duas gerações – em alguns casos até três – rirem é algo de maravilhoso, não há dinheiro suficiente para retribuir o benefício prestado.

Havia uma motivação econômica para os artistas com formação de rádio fazerem a transição para a TV. Assim como antes, nas décadas de 1910-20 muitos nomes do vaudeville migraram para o cinema.

Já nesta virada da era da TV para a era da Internet – não sei se ‘virada’ é o termo mais adequado, deve acabar ocorrendo uma fusão -,  vejo que alguns artistas consagrados na primeira até mantém páginas e sites, mas não parece haver investimento na internet para fazer com que alguém que já tem nome na TV opte por abandoná-la. Haverá possibilidade para que este quadro mude daqui há dez anos?

Isso posto, é irônico que, pelo próprio formato do veículo, seja muito mais fácil encontrar celebrações dos humoristas que fizeram a TV na internet do que na própria TV.

Costinha, Ronald Golias, Paulo Gracindo, Brandão Filho… Procure os nomes no Google, há centenas de citações vindas de fãs saudosos. E a mim também, basta lembrar desses caras que me dá saudades. Quando morre um comediante o mundo fica um pouco mais triste. E quando este comediante é uma figura que entra (como ocorre na televisão) na tua casa todas as semanas, é como perder um amigo ou tio querido.

Pequenas amostras dos trabalhos de alguns podem ser encontradas no youtube.com ; mas, infelizmente, de outros há muito pouco.

Aqui vão dois links para ídolos da minha infância e juventude. Uns caras que não precisavam fazer a menor força para serem engraçados.

Walter D’Ávila – http://www.youtube.com/watch?v=he6BkbT2sv8

Mussum, com participação mais que especial do ‘Little Richard’ Tião Macalé; e Renato Aragão  –

http://www.youtube.com/watch?v=2NhvnXsCkJ8

P.S. A Wikipédia cita Walter D’Ávila  como tendo nascido em 29 de novembro de 1913, mas uma outra fonte , http://inmemorian.multiply.com/photos/album/105/105# , diz ser a data de nascimento 29/11/1914.


Beleza americana

maio 15, 2009

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Abaixo, lanço links para trabalhos de pintores norte-americanos do séc. XIX.  São, grosso modo, contemporâneos dos impressionistas franceses.

Uma vez na a página, há que a rolar pra baixo. Com a página aberta, você aperta a tecla F11 da fileira superior do teclado, as imagens ocupam a tela inteira do monitor. Repetindo a operação, volta ao modo normal de exibição.

O problema é que a proporção de base por altura do monitor do computador muitas vezes não se encaixa bem nas proporções da obra. Mas, para quem não os conhece, já dá para ter um contato com o trabalho de cada um.

James Whistler

Algumas imagens representativas de seu trabalho:

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=4224&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=27312&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=27298&size=large

Tem muitas gravuras dele também, como esta:

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=13951&size=large

Índice de seus trabalhos (11 páginas ao todo)

http://www.artrenewal.org/pages/artist.php?artistid=652

Thomas Eakins

Algumas imagens representativas de seu trabalho:

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=10877&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=27002&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=1197&size=large

Índice de seus trabalhos (13 páginas ao todo)

http://www.artrenewal.org/pages/artist.php?artistid=83

John Singer Sargent

Algumas imagens representativas de seu trabalho:

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=27599&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=13702&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=27198&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=27595&size=large

Índice de seus trabalhos (44 – ! –  páginas ao todo)

http://www.artrenewal.org/pages/artist.php?artistid=187

Winslow Homer (aquarelas)

Algumas imagens representativas de seu trabalho:

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=31520&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=31408&size=large

http://www.artrenewal.org/pages/artwork.php?artworkid=31508&size=large

Índice de seus trabalhos (21 páginas ao todo)

http://www.artrenewal.org/pages/artist.php?artistid=897


Derrotado pela realidade

maio 10, 2009

Por Mauricio O. Dias – comoeueratrouxa

Volta meia fico pensando em algo engraçado pra lançar aqui. Já tentei nos posts anteriores, e sei que nem sempre fui bem sucedido – segundo alguns mais ácidos, NUNCA fui bem sucedido.

Aí vem na primeira página do Globo de 10 de maio (dia das mães, beijo pra véia) que o brigadeiro responsável por promover uma limpa na Infraero se chama CLEONILSON NICÁCIO.

Pronto! Mais uma vez, fui derrotado pela realidade, que se revelou mais irônica do que eu seria capaz.

Cleonilson Nicácio é um nome que merece prêmio por originalidade.

E, mesmo com este nome o cara conseguiu ser bem sucedido, virou brigadeiro, um altíssimo posto da aeronáutica (sobre ser brigadeiro, falo logo mais abaixo). Imagina passar a infância e a adolescência aturando as zombarias, a hora da chamada na escola. A combinação fonética é terrível: Cleonilson é feio, Nicácio é ainda pior. Se fosse eu a ter tal nome desde criança, com a auto-estima que me é característica, sentir-me-ia tão socialmente adequado quanto o Homem Elefante do filme homônimo.

De repente, este nome ajudou a moldar o caráter do indivíduo. Depois que o cara chega aos 18 anos e sobrevive a este longo período como Cleonilson Nicácio, todas as provas da aeronáutica e a subseqüente vida em caserna parecem moleza.

Sobre ser brigadeiro: o querido ator Jorge Dória, entre muitos papéis notáveis o pai (Lineu) da primeira versão televisiva de “A Grande Família” estrelava uma peça nos anos 1970 – pleno período da ditadura – em que um general era recebido na casa de uma família para tomar parte num jantar.

O Dória, malandro, incluiu um ‘caco’ – esta é a gíria para as falas elaboradas por um dos atores, que não constavam do texto original: – General, o senhor quer comer um brigadeiro?

E ao falar isso, oferecia o tradicional doce de chocolate ao militar.

Imagino que a platéia devia vir abaixo quando a fala era pronunciada. Mas, pelo que me lembro dos comentários do próprio Dória, a Censura interveio, e a fala teve que ser cortada.


Heart of Darkness

maio 6, 2009

Por Mauricio O. Dias – comoeueratrouxa

Acabei de reler “O Coração das Trevas”, na tradução de Albino Poli Jr. (L&PM Pocket, editado em 1998), desta vez anotando passagens e trechos; a obra agora está muito mais detalhada em minha mente.

O filme do Coppola, “Apocalipse Now”, embora tenha bela fotografia e o senso do espetáculo, fracassa duplamente: é absurdo enquanto filme sobre o Vietnam, e péssimo como adaptação do livro de Joseph Conrad (1857-1924). Explico-me melhor dois parágrafos abaixo.

Não é que o filme seja ruim, ele tem algo de grandioso. É que a distância entre o livro e o filme é incomensurável. O personagem interpretado por Martin Sheen, ‘Capitão Willard’ no livro chama-se Marlow, não é um militar, e muito menos um assassino – trata-se de um marinheiro mercante que acaba embarcando para a África para ser caçador de marfim, e ouve falar de um colega desta sua nova profissão que é um mito pela sua eficiência: Kurtz, no filme também transformado em militar e interpretado por Marlon Brando.

Vamos por partes. Primeiro avaliar o “filme de guerra”:  Há as concessões ACEITÁVEIS da lógica da guerra ante as necessidades da dramaturgia – o grupo que acompanha o Capitão Willard não tem parte na missão dele, a qual, aliás, eles desconhecem. A missão daquele grupo é levar Willard rio acima.  Logo, uma missão estratégica é confiada a um ÚNICO HOMEM; se ele morre por desinteria, tiro, ou qualquer outra razão, simplesmente não se cumpre a missão? Isso é absurdo, mas entende-se; quer se concentrar a ação num único narrador, como, aliás, é no livro. Agora, há as concessões INACEITÁVEIS: há uma cena que os soldados americanos sofrem um ataque com lanças e flechas. Imagino o quanto isto deve ter sido, na época, ofensivo aos americanos veteranos da guerra. Terem de aturar os civis comedores de hambúrguer pensando: “Porra, esses caras, com as armas mais modernas, foram derrotados por índios?” Como se os norte-vietnamitas e vietcongs não tivessem acesso ao mais moderno armamento russo disponível na época.

Não há no livro, em nenhum momento, o objetivo de matar Kurtz. Pelo contrário, sobem o rio até a região inóspita em que ele se encontrava pois há informações que esteja enfermo e sem medicamentos – uma missão de resgate. E algo importantíssimo, enquanto no filme Willard tem acesso desde o início à fotos e uma gravação em áudio de Kurtz, um dos grandes lances do livro é Marlow ficar imaginando como seria Kurtz, especialmente sua capacidade oratória, muito elogiada por todos que o conheceram.  Há no livro uma aura de mistério que no filme se perde em grande parte, por sabermos desde o início – pela foto e pela voz – que Kurtz é Brando.

A transição de Marlow do mundo civilizado para o neolítico do Congo da virada do século XIX para o XX também se perde no filme.  O Capitão Willard de “Apocalipse Now” é um selvagem desde o início, um assassino profissional, alcoólatra, sem fé nem encanto pela vida: uma alma que já viu e cometeu atrocidades e se reconhece perdida. O Marlow do livro não, é um homem que ama a idéia do progresso e encara ter como missão e destino, pessoalmente seus, assim como da Inglaterra e Europa como um todo, levar este progresso aos quatro cantos do mundo. E tem que seguir numa viagem rio acima com 35 canibais famintos a bordo, que ele próprio não entende porque não matam a ele e os demais europeus do barco.

E está ausente do filme o encontro final de Marlow com a “prometida” de Kurtz; esta passagem, as pausas, o ritmo, é um primor de sensibilidade. O cara tem que saber muito sobre o ser humano para escrever algo como aquilo.

Ou seja, o filme não tem QUASE NADA a ver com o livro.  Faça um favor a você mesmo, e leia o livro. Demanda algum esforço – não é das leituras mais fáceis, embora não chegue a duzentas páginas – , mas vale MUITO a pena.